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Dia Mundial de Combate ao Bullying: a urgência de enfrentar um problema persistente

Publicada em: 20/10/2025 12:10 -

 

Hoje, em alusão ao Dia Mundial de Combate ao Bullying (também conhecido como Dia Internacional contra a Violência e o Bullying na Escola, incluindo o Cyberbullying), as atenções se voltam para um fenômeno que, embora debatido, segue presente de forma expressiva no Brasil e no mundo.

O que dizem os dados

Globalmente, pesquisas da UNESCO indicam que mais de 30% dos estudantes têm sido vítimas de bullying em algum momento. iite.unesco.org+1 Em 30 países, o relatório da UNICEF em 2019 revelou que um em cada três jovens já sofreu bullying online. No Brasil, esse percentual chegou a 37%, segundo a mesma pesquisa. UNICEF
No que se refere ao Brasil especificamente:

  • A pesquisa nacional Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) mostrou que a prevalência de prática de bullying passou de cerca de 20,4% em 2015 para 12,0% em 2019 entre adolescentes de 13 a 17 anos. PubMed+1

  • Em outro estudo em São Paulo, cerca de 29% dos estudantes entrevistados relataram ter sofrido bullying no ano anterior. Agência Fapesp

  • No levantamento de 2015, a prática (agir como agressor) era de cerca de 19,8% dos estudantes, sendo 24,2% entre meninos e 15,6% entre meninas. PubMed+1

  • Em termos de motivos, aparências físicas, características do rosto e cor/raça foram citados como as razões mais recorrentes para sofrer bullying no Brasil. PMC

Estes números apontam que, embora haja indício de melhora em alguns indicadores no Brasil, o bullying ainda é um problema significativo — e se expande também para o meio digital (cyberbullying).

Consequências para quem sofre

Segundo a UNESCO, estudantes que sofrem bullying com frequência têm quase três vezes mais probabilidade de se sentirem à margem da escola e mais de duas vezes de faltar às aulas. iite.unesco.org
No Brasil, em estudo com alunos de São Paulo, constatou-se que vítimas de bullying tinham maior prevalência de sintomas de sofrimento emocional, percepção de saúde negativa, uso de tabaco e comportamentos de automutilação quando comparadas aos que não foram vítimas. PubMed

Por que ainda persiste?

O bullying não é apenas “brincadeira de escola”. Ele envolve repetição, desequilíbrio de poder (um ou mais contra outro), intencionalidade e dano emocional ou físico à vítima. A ampliação das redes sociais e da comunicação digital também intensificou os espaços de atuação do cyberbullying.
Além disso, as causas de exclusão apontadas — aparência, cor/raça, características faciais ou corporais — muitas vezes se ancoram em estruturas sociais de discriminação ou estereótipos. Sem um trabalho cultural e de educação consistente, apenas ações pontuais não são suficientes.

E agora? O que fazer?

  • Nas escolas: políticas de prevenção, programas de convivência saudável, capacitação de professores e funcionários, canais de denúncia e acompanhamento para vítimas e agressores.

  • Na família: diálogo aberto com filhos, percepção de sinais (tais como queda no rendimento, isolamento, mudanças de humor, faltas…), estímulo à empatia e ao respeito à diferença.

  • Na sociedade e no digital: fomentar uma cultura de respeito, combater o discurso de ódio, garantir que ambientes online sejam seguros e responsáveis.

  • Para as vítimas: reconhecer que não estão sozinhas; buscar apoio junto à escola, psicólogo, família ou grupos de ajuda; lembrar que o bullying não define o valor da pessoa.

Reflexão final

Com os dados em mãos, o Dia Mundial de Combate ao Bullying nos oferece a oportunidade de agirmos mais do que falarmos. O progresso na redução de índices no Brasil mostra que é possível mudar, mas a persistência de casos e seus efeitos reiteram que nenhuma escola, nenhum jovem, nenhum ambiente online deveria aceitar o bullying como parte da “rotina”.
O convite é: olhe ao redor, ouça, apoie. Porque um – ninguém – foi-feito-para-sofrer-calado.

 

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